terça-feira, 16 de junho de 2009

"Todo conhecimento começa com o sonho...Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos."
(Rubem Alves)

GESTAR II – MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG

RELATÓRIO DA 3º OFICINA

No dia 06 de junho de 2009, foi realizada a 3º oficina do Gestar em Montes Claros. O enfoque desse encontro foi o início do estudo do Caderno de Teoria e Prática 3, que contempla os Gêneros e Tipos Textuais.

Antes de iniciar os estudos das duas primeiras unidades do caderno, que foram previamente estudadas pelas cursistas em casa, foi feita uma abordagem teórica segundo Luiz Antônio Marcuschi. Baseado no artigo “Gêneros textuais: definição e funcionalidade”, foi distribuído um resumo às cursistas, no qual as principais bases da teoria dos gêneros do referido autor foram explicitadas. Com isso, as alunas puderam estabelecer as diferenças entre gênero e tipo textual, entender as multimodalidades do gênero ( intergenericidade e heterogeneidade tipológica) e ampliar os conceitos acerca da definição de suporte.

Foi uma abordagem muito interessante porque permitiu uma discussão bastante proveitosa acerca do assunto. E, juntas, construímos novas perspectivas diante do vasto território dos gêneros textuais. A intergenericidade e a heterogeneidade tipológica foram pontos, a princípio confusos até mesmo para mim, mas que se tornaram mais claros quando analisamos os exemplos que o material de Marcuschi apresenta. E não apenas os exemplos ajudaram no entendimento, mas a própria participação das cursistas que têm se mostrado muito interessadas e participativas.

Além disso, foi feita uma discussão dos principais pontos trabalhados nas unidades 9 e 10, o eixo temático das seções, os aspectos teóricos levantados nelas, os gêneros selecionados e o que pode ser acrescentado ou explorado em cada atividade. As atividades propostas ao final de cada seção, denominadas “Avançando na Prática”, foram focalizadas porque uma delas será escolhida pelas cursistas a fim de ser trabalhada com seus alunos na sala de aula.

Na aula seguinte, uma das atividades, já proposta às cursistas, será a partilha das experiências vividas ao trabalharem o “Avançando na Prática” escolhido por elas e qual foi o resultado positivo ou negativo que obtiveram com seus alunos. Esse será o ponto diferencial dessa capacitação oferecida pelo Gestar, a teoria vista é acompanhada pela prática no trabalho em sala de aula.

As discussões durante a oficina foram bastante enriquecedoras e possibilitaram novas abordagens sobre o assunto. Várias experiências com os gêneros foram comentadas, pois as cursistas já têm trabalhado com os mesmos, revelando assim, sua preocupação em propiciar aos alunos o conhecimento dos gêneros e suas funções dentro do contexto social.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

VIAGEM EM CÍRCULO

a esperança me o-
briga a caminhar
em círculo em tor-
no do globo em tor-
no de mim mesmo em
torno de uma mesa
de jogO

a esperança é um
círculo no zodía-
co na ciranda na
roleta na rosa do
circo na roda do
moinho
amanhã recomeçO

Cassiano Ricardo



domingo, 14 de junho de 2009

PROGRAMA GESTAR II

MUNICÍPIO: JURAMENTO – 22º SRE – MONTES CLAROS

PROFESSORA FORMADORA: ANAGREY BARBOSA

SHERAZADE E O VALOR DO AMOR

(Texto adaptado do livro “ A pedagogia do amor” , de Gabriel Chalita)

Sherazade é, sem dúvida, a grande dama de As mil e uma noites, um conjunto de histórias cujos registros não nos permitem conhecer as datas exatas em que foram escritas, tampouco a sua autoria. Os diferentes gêneros que compõem as narrativas – contos, fábulas, lendas, novelas, parábolas, anedotas e aventuras de caráter exótico – bem como a mistura de referências geográficas e culturais existentes nas tramas tornam praticamente impossível creditar os textos a um único autor.

A personagem Sherazade, no papel de narradora, é a espinha dorsal que sustenta todos esses fantásticos enredos orientais. Ela é a detentora dos mistérios, das lendas e tradições que, há milhares de anos ,vêm seduzindo leitores e ouvintes de todas as nacionalidades.

Essa história específica relata que o poderoso sultão Shariman, do antigo Oriente, foi vítima da infidelidade da primeira esposa e, por isso, jurou a si mesmo jamais confiar novamente no amor de uma mulher. Dono absoluto do poder em Bagdá, Shariman decidiu que se casaria com uma mulher a cada dia e, após a noite de núpcias, mandaria executá-la ao nascer do Sol. Dessa maneira, imaginava o triste sultão que evitaria novas traições. Muitos foram as jovens escolhidas para desposá-lo. Suas famílias, que não ousavam desobedecer às ordens do soberano, sofriam com o cruel destino imposto às filhas: o amor fugaz e a morte iminente.

Algumas donzelas, aterrorizadas com a possibilidade de serem escolhidas por Shariman, fugiam para lugares distantes. E assim todos os domínios de Bagdá viviam sob o terror da triste e amarga história de seu sultão.

Chegou, enfim, o dia em que o vizir Mustafá, encarregado por Shariman de escolher suas futuras esposas, não encontrou mais nenhuma jovem para levar ao seu senhor. Já era bem tarde quando o vizir entrou em casa, com uma expressão séria no rosto, preocupando suas duas filhas, Sherazade e Deniazade. A mais velha, Sherazade, percebendo a tristeza e o nervosismo do pai, propôs uma solução que resolveria o problema não só do querido pai mas de todo o reino: oferecer-se como esposa ao rancoroso sultão. Mustafá tentou demover a filha dessa idéia arriscada, mas a bela jovem estava determinada a pôr em risco a própria vida para salvar o povo do reino de Bagdá.

A formosa e perspicaz Sherazade consumia seus dias na leitura de histórias, ouvindo, encantada, as mais diversas lendas e contos, instruía-se nas ciências e, além de tudo, era dotada de memória prodigiosa. Sua inteligência, aliada ao mundo mágico desvendado pela leitura, muniu-a do raro e fascinante poder de lidar com as palavras. E era nesse seu poder de sedução que a bela jovem confiava para salvar o reino de tamanha crueldade! A sedução de narrar histórias...

No dia seguinte, Sherazade e o pai seguiram para o esplendoroso palácio de Bagdá para se apresentar ao sultão. Shariman, fascinado pela beleza da jovem, aceitou desposá-la imediatamente. A astuta noiva, no entanto, já fizera seus planos. Na noite de núpcias, conforme havia combinado com sua irmã mais nova, Deniazade chegou aos aposentos do casal chorando e pediu à irmã que lhe contasse uma de suas fantásticas histórias. Sherazade, com voz doce e melodiosa, começou então sua narrativa, prendendo a atenção do sultão e da irmã até o amanhecer. Shariman ouviu-a atentamente, encantado e ansioso pelo final. Ela, no entanto, percebendo o olhar curioso do marido, interrompeu a narrativa no ponto culminante. O sultão decidiu, então, poupar sua vida para que ela pudesse dar continuidade à história na noite seguinte.

Usando o sagaz artifício de emendar uma história na outra, Sherazade vai adiando a data de sua morte sempre para o dia seguinte. E assim, encantando e despertando a curiosidade de seu cruel esposo com suas envolventes narrativas, passaram-se mil e uma noites.

É então Sherazade, já com a imaginação esgotada de tecer tantas histórias durante aquelas infindáveis noites, se vê diante de Shariman, mas agora ele está perdidamente apaixonado e seduzido.

O nobre sultão, cuja alma sofria encarcerada pelo sentimento de vingança, liberta-se da dor e da tristeza da traição, abolindo o cruel destino das esposas, que aterrorizava todas as famílias de Bagdá.

Sherazade, além de sua extrema beleza, trazia consigo um tesouro oculto: a sedução pela palavra. Um poder que lhe valeu a própria liberdade e a libertação de uma alma, traduzida, neste conto, na transformação do ódio em uma linda história de amor.

A personagem Sherazade simboliza a importância da narrativa, das histórias, do aprendizado, da sedução do discurso e do poder da palavra na vida de todos nós.

A história de Sherazade é um exemplo da habilidade, da competência, da amorosidade e do espírito de doação existentes, em maior ou menor grau, em todas as mulheres. Porém ela nos ensina a todos, independentemente do sexo, que o conhecimento apreendido por meio das histórias é fundamental para iluminar os caminhos – muitas vezes tortuosos – de nossas vidas.

A bela e sábia personagem oriental nos ensina também que a rapidez de raciocínio, a criatividade e a capacidade de persuasão e de argumentação são imprescindíveis à resolução de problemas e ao enfrentamento das situações difíceis pelas quais todos passamos na vida.

O corpo, a fala, os gestos, o olhar, o modo como nos expressamos e nos apresentamos ao mundo ... Tudo é linguagem, tudo comunica, tudo em nós compõe a história que, dia a dia, escrevemos sem nos dar conta. Somos um complexo e requintado sistema de comunicação que emite sinais e códigos, os quais originam informações variadas aos nossos interlocutores.

Sherazade nos ensina que o que somos, pensamos e vivemos é, na verdade, um misto de todas as nossas experiências acumuladas e (re)elaboradas e o modo como elas nos tocaram desde muito antes de nossa memória consciente. Somos, por extensão, um emaranhado vivo de histórias, tanto as que protagonizamos quanto aquelas a que tivemos acesso como ouvintes ou leitores. Nós nos mesclamos a elas, nos enredamos em suas tramas e, de repente, passamos a ser a fibra forte que compõe o texto (do latim textum, que significa “aquilo que foi tecido”).

Somos, além de tecido, esponjas. Os sonhos, os exemplos, as sensações captadas nas histórias alheias são, para nós, uma espécie de alimento. Um pão todo especial que nos abastece e possibilita nosso crescimento e sadio desenvolvimento.

Precisamos buscar em nosso íntimo a sedução e a habilidade de Sherazade, de modo a transmitir a nossas crianças e jovens a beleza e a riqueza incalculável das histórias. Histórias que nos auxiliam a compor não só nossa própria personagem, enredo e obra, mas, sobretudo, histórias que nos capacitarão, com seus ensinamentos, a ser livres, cartógrafos de nossa própria geografia, escritores de textos imprescindíveis à comunidade, à sociedade, à nação, ao mundo em que vivemos.

Que Sherazade, essa musa incontestável do amor, do espírito de doação e de entrega, da sedução pela palavra e da libertação, nos alimente com seu amor fraterno, nos inspire e nos dê asas nesse voo rumo á conquista de novos aprendizes.

GESTAR II– MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG

RELATÓRIO DAS OFICINAS

No dia 30 de maio de 2009, foi inaugurado o GESTAR II na 22º SRE de Montes Claros. Após uma grande ansiedade, pois já começamos com um pouco de atraso devido a problemas estruturais, finalmente começamos a realizar este trabalho que tem prometido ser muito gratificante e significativo para nossas carreiras de educadores. Pelo menos é essa a expectativa que todos temos, não só os formadores, como também os cursistas.


Como fiz o curso representando o município de Juramento, que fica a 35 quilômetros de Montes Claros, tenho uma turma com apenas 4 cursistas. A cidade conta com apenas duas escolas estaduais, sendo uma delas na zona rural. São todas minhas colegaa, inclusive a que trabalha fora da sede pois ela tem algumas aulas na escola onde trabalho. Isso será um ponto bastante favorável para nosso trabalho porque vamos partilhar experiências sobre as quais temos conhecimento e convivência de perto.


O primeiro encontro foi dividido em duas oficinas de 4 horas cada, sendo ambas introdutórias. Na primeira parte, pela manhã, foi realizado o momento de apresentação do Gestar para todos os cursistas e formadores, tanto de Língua Portuguesa, como de Matemática. Todo o programa do Gestar foi apresentado e seus objetivos esclarecidos. A coordenadora Sandra Veloso, representante da SRE de Montes Claros, esteve à frente das orientações gerais e os professores formadores de Língua Portuguesa e de Matemática representantes deste município também fizeram interessantes explanações.


No turno vespertino, cada formador se reuniu com suas respectivas turmas para realizarem as oficinas específicas de cada conteúdo.


Foi bem diferente a experiência de estar diante de colegas de trabalho para dividir e analisar com elas as questões relativas à língua, bem como as novas metodologias que o Gestar II promove. Não quero considero “minhas alunas” como se eu tivesse a pretensão de ensinar alguma coisa, pelo contrário, quero dividir, trocar informações, aprender muito com todas elas. Todas têm muito a acrescentar e acolherei de bom grado tudo que for repartido entre nós.


Apesar de conhecê-las, realizei a dinâmica feita por Tamar em nosso encontro, na qual cada cursista escreve seu nome em um papel e destaca uma frase que tenha marcado sua vida de alguma maneira. Foi um momento bem interessante porque, mesmo conhecendo-as já algum tempo, suas “apresentações” foram reveladoras. Cada uma escolheu uma frase diferente e com elas cada uma manifestava um aspecto novo que eu não conhecia. Foi um momento muito rico.


Na sequência, lemos e refletimos uma mensagem de Gabriel Chalita, que foi distribuída para elas. O nome do texto é “Sherazade e o valor do amor” e eu o escolhi para fazer uma comparação entre a personagem das mil e uma noites e o papel do educador na atualidade. Considero que nós trazemos um pouco dela, pois no cotidiano da sala de aula estamos o tempo todo tentando “seduzir” nossos alunos através da linguagem.

Temos que ter a persistência e a criatividade de Sherazade, além de tudo, temos que demonstrar o amor por nosso trabalho assim como ela o demonstrou pelo seu povo quando se ofereceu para se casar com o sultão opressor.


Após esse instante motivador, iniciamos o estudo do Guia Geral para poder explicitar todos os objetivos do curso, as estratégias que serão usadas e como serão trabalhados os cadernos de Teoria e Prática. As dúvidas foram sanadas e as cursistas demonstraram interesse pelo curso, mas sentiram que haverá muito trabalho a fazer.


Ao terminarmos o estudo do Guia Geral, fizemos uma atividade com análise de vários gêneros textuais que estavam guardados em um “envelope da linguagem”. Elas puderam escolher os gêneros de que gostavam mais e fizeram uma análise dos mesmos elaborando possíveis questões que pudessem ser trabalhadas pelos alunos. As escolhas foram bem interessantes. Uma delas, por exemplo, escolheu um bilhete em que uma mulher deixava um recado para um suposto companheiro e fez uma associação deste com um convite de casamento explorando vários aspectos como os possíveis destinatários, as finalidades dos gêneros e o que podia aproximá-los apesar das diferenças. As demais também fizeram abordagens bastante proveitosas.


No final, da oficina, solicitei-lhes que fizessem a leitura prévia das unidades 9 e 10 da TP3 e também expliquei o motivo de estarmos começando por ela e não pela número 1. Inclusive, salientei que a atividade com os gêneros foi um preparo para o estudo da TP que contemplará o estudo dos gêneros e tipos textuais. Além disso, pedi a elas que fizessem um relatório sobre a primeira oficina que constará como registro dos portfólios que cada uma deverá fazer.


Apesar do trabalho, todas as formadoras demonstraram animação e motivação para o curso. Isso é bom para que as oficinas sejam proveitosas para todos, sobretudo, para o nosso maior alvo: nossos alunos.

música

Palavras

Composição: MarceloFromer / Sérgio Britto. Grupo Titãs

Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
em caso de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados

Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol