"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. Professor é assim, não morre jamais."
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
GESTAR II – MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG
RELATÓRIO DA OFICINA 9 ,DIA 24/10/09
Antes de todas as atividades, tivemos um momento especial no pátio, onde todas as formadoras receberam suas cursistas para homenageá-las pelo dia do professor, no último 15 de outubro. Ao som de uma música instrumental calma e relaxante (músicas do instrumentista Carlos Carty), lemos mensagens especiais que motivam, valorizam e dão ânimo a esse trabalho tão árduo que é ensinar. O ofício de professor carece nos dias atuais de respeitabilidade e valorização. E não apenas no que diz respeito à remuneração, mas também ao reconhecimento de nossos esforços e de nossa representatividade no alicerce da cultura, do saber e do caráter de nossos jovens. Toda homenagem que é feita ao professor é pequena perto da dimensão do seu trabalho e de suas dificuldades.
Após as mensagens, foi distribuída uma “lembrancinha” singela, mas afetuosa que demonstrou nosso respeito e consideração pelas cursistas que são professoras e pesquisadoras, pois o Gestar requer isto: estudo e pesquisa, a fim de propiciar uma prática diferenciadora e eficaz.
Depois desse momento, cada qual se reuniu nas salas com suas formadoras. Inicialmente, tratamos de alguns assuntos de ordem prática como o novo cronograma das oficinas com a previsão até 2010; e procurei ler todo o e-mail enviado pela Secretaria como resposta para algumas reivindicações feitas pelos formadores no curso realizado
Trabalhamos os principais pontos das unidades 19 e 20,do TP5, que tratam da coesão e das relações lógicas no texto. Os aspectos ligados aos elos coesivos, à progressão textual foram destacados.
Tenho percebido, no entanto, que as cursistas andam mais cansadas, o que é natural por estarmos no final do ano e, geralmente, muito serviço se acumula. E se torna difícil conciliar as atividades do trabalho com os estudos. Mas ainda resta ânimo para prosseguir no curso e isso é muito válido. Percebo que o Gestar tem trazido bons resultados e melhorias para a prática delas.
A seguir, foram feitas algumas orientações a respeito do projeto, foi distribuído um resumo das partes que devem compor seu esqueleto, e cada passo foi discutido. Em plantão anterior, as cursistas já esboçaram as idéias e delimitaram o tema que será relacionado aos Gêneros Textuais. Como trabalham na mesma localidade será feito um projeto em comum e terei minha contribuição nele também, já que atuo na mesma escola, o que facilita muito o contato com as cursistas e posso acompanhá-las de perto.
Foram dadas as orientações finais acerca da próxima oficina e terminamos com alguns pontos do projeto bem adiantados.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Estrela de Chão
Alexandre Andrés
Tenho em minhas mãos
O que não se vê
Guarde com você
Bem no coração
Pode acreditar
Pode amar sem medo
Viver é perigoso
Mas o mal maior é não viver
Tudo se desfaz
Rápido demais
Mas o nosso pó
Não é barro só
Tem o pó do chão
E o pó das estrelas
O que é pesado desce
E o que é leve pode flutuar
GESTAR II – MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG
RELATÓRIO DA OFICINA 8 DE 03/10/09
Em virtude de reposições aos sábados na escola onde as cursistas trabalham, a oficina que seria realizada com nossa turma no dia 26/09,foi transferida para dia 03/10 no município de Juramento, após atividades de reposição que aconteceram nesse dia.
Num primeiro momento, para abrir os trabalhos, foi tocada uma música chamada “Estrela de chão”, do cantor e compositor Alexandre Andrés e as cursistas receberam uma cópia da letra. O objetivo de iniciar a oficina com uma canção foi continuar abordando as noções de Estilo que foram discutidas no encontro anterior e também propiciar um ambiente relaxante e tranqüilo com uma boa música.
As cursistas apreciaram muito a canção que não era conhecida, até porque o cantor está iniciando sua carreira, e foram comentadas as relações de sentido da letra bem como suas metáforas e a parte que cada uma achou mais bonita.
Após a canção, foi apresentado o filme “Narradores de Javé”, plano que não foi possível na oficina anterior. O filme aborda a história de um povoado que está prestes a desaparecer por completo com a construção de uma barragem que irá alagar o local. Preocupados com a destruição do lugar onde moram e também de suas origens, de suas tradições e de suas histórias, os moradores se reúnem a fim de tentarem encontrar uma solução que impeça o desaparecimento do lugarejo.
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Terminada a apresentação do filme, foram feitas algumas considerações sobre a história, aliadas às questões sobre Letramento (TP4) e Estilo e Coerência (TP5). Os pontos mais relevantes foram discutidos a partir das seguintes perguntas:
Proposta de Análise do filme “Narradores de Javé”
1) O que significa fazer o “o papel de escriba”?
2) Qual o papel do escriba naquela comunidade?
3) Analise os traços de oralidade daquela comunidade.
4) Qual a relação entre oralidade e escrita?
5) Analise as práticas de letramento daquela comunidade.
6) Como você percebe a relação entre ser alfabetizado e ser letrado no contexto do filme?
7) Em que atividades práticas, no contexto da sala de aula, você exerce o papel de escriba?
8) Qual a importância do escriba na construção da leitura e da escrita?
9) Aponte as marcas estilísticas dos narradores da cidade .
10) Como a coerência é construída no filme?
Ressaltamos o papel da escrita para uma comunidade e o peso que aqueles que fazem o papel de escriba têm para a sociedade. A escrita sempre teve uma relevância muito forte em toda a história da humanidade e pode-se dizer que seu desenvolvimento foi fundamental para todo o avanço que o mundo conhece nos mais variados setores. O texto escrito, o registro, a escritura têm valor inestimável. São os registros do passado que ajudaram a construir a história e fazem com que ela seja conhecida e entendida hoje.
Aquela comunidade abarcava ricas histórias de seu povo, de suas crenças e tradições, no entanto, tudo estava “na boca do povo”, eram registros orais. Não havia documento escrito, não havia registro válido que conferisse aos olhos dos poderosos a importância que aquele local tinha para aquelas pessoas.
As práticas de letramento e alfabetização são bem marcantes no filme. Constatamos que mesmo aqueles que sabiam ler não se sentiam prontos a fazerem o registro da história de Javé, sendo preciso recorrer ao inimigo público número 1, Antônio Biá, para que ele tentasse resolver o problema. É o que acontece com quem é alfabetizado, mas não tem letramento, sabe ler,mas não sabe interpretar ou mesmo produzir textos.
O filme também dá margens a enfoques interessantes a respeito do estilo,uma vez que Biá tem um estilo inconfudível, com suas expressões típicas. Constatamos que ele fala o dialeto do local, mas possui o idioleto que é um traço mas marcante,mais individual e peculiar. Algumas de suas expressões ou ditos populares foram até registradas pelas cursistas que se deleitaram com suas pérolas. Entre elas destacamos: “Ta achando que eu sou espermatozóide de ninja?”, “Não confunda Harbeas Corpus com Corpus Christie”, “Isso aqui tá parecendo reveillon de muriçoca.”, “Bando de abelha menstruada.” ... entre outras.
O filme foi considerado riquíssimo pelas cursistas, não apenas por destacar as questões acerca do letramento e do estilo, mas também do regionalismo e do jogo do poder daqueles que veem apenas seus próprios interesses e não se importam em destruir a cultura, a história e a vida de pessoas humildes.
Após as discussões sobre o filme, retomamos alguns pontos da TP5, nas duas primeiras unidades, a pedido das próprias cursistas a fim de esclarecer algumas dúvidas acerca de Estilo.
Como a apresentação do filme tomou grande parte da oficina, não foi possível fazer a troca de experiências dos Avançando na Prática. Foram cobrados assuntos de ordem prática, como os relatórios e marcados plantões para definição do projeto.
Foi uma oficina agradável, diferente das demais em todos os aspectos, até mesmo com relação ao local onde aconteceu. O filme foi muito bem aceito e as discussões bem interessantes.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
GESTAR II/ MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG
RELATÓRIO DA OFICINA DE 12/09/09
Fizemos toda uma programação para a realização da oficina do dia 12/09, pois tínhamos a intenção de apresentar o filme, “Narradores de Javé”, a partir do qual traçaríamos pontos relevantes sobre letramento (TP4) e também sobre estilo (TP5). Todas as turmas de Português ficariam juntas não só pela questão do espaço físico para assistir ao filme, mas também para dar margem a uma discussão bem mais ampla e coletiva. Era a oportunidade de fazer uma oficina “com novo formato”, com todo mundo reunido.
Mas, como imprevistos acontecem, tivemos um problema com a aparelhagem de som e não foi possível passar o filme. Foi um pouco frustrante, afinal estávamos entusiasmadas com a perspectiva de ter uma sessão de cinema e com as discussões que poderíamos fazer através dela. No entanto, a oficina prosseguiu, partimos para o chamado “plano B” e demos continuidade “sem deixar a peteca cair”.
Essa situação de imprevisto foi interessante. É uma situação que nos remete à própria prática em sala de aula. Nem sempre nossas aulas programadas com tanto zelo, com tanta expectativa dão certo. Muitas vezes imaginamos uma coisa e acontece outra, bem diferente do que foi premeditado. E em outras ocasiões, o improviso surte mais efeito do que o programado. Não temos o domínio de tudo, mas podemos aprender a reverter os problemas e transformá-los para encontrar a solução. Na prática escolar, lançamos mão do plano B,C,D... e por aí vai, conforme a turma e o contexto. É interessante também destacar o que não dá certo, pois com os erros aprendemos até mais que com os acertos.
Após constatarmos que não seria mais possível apresentar o filme, mantivemos nossas turmas no pátio, todos juntos para realizarmos a discussão das unidades 17 e 18 da TP5 que trata de Estilo e Coerência. Foram bem amplas as discussões. Como minha turma de cursistas é bem pequena, foi algo novo para mim uma discussão com tantos professores.
A questão do estilo foi bastante discutida. Cada formador deu sua contribuição, ressaltando que o estilo é algo intencional, individual. Diferente do dialeto que é coletivo, que exprime as características de um grupo. E o idioleto que é o traço individual de quem usa o dialeto. Ressaltamos a questão das variações lingüísticas que devem ser respeitadas em sala de aula e não ensinadas, uma vez que o aluno as reconhece em seu cotidiano e cumpre à escola o papel de também reconhecê-las e ensinar a norma padrão. Os alunos precisam saber fazer esse intercâmbio entre as várias possibilidades de comunicação a fim de exercitarem sua competência comunicativa.
Apresentamos slides que resumiram bem os principais pontos da Estilística e nortearam as discussões. A questão dos gêneros ainda é motivo de dúvidas pelo que pude perceber. Deixamos claro que, ao trabalhar com gêneros textuais dos mais variados, temos a possibilidade de abordar vários aspectos linguísticos, inclusive os gramaticais.
Outro aspecto que foi possível perceber nas discussões é que muitos professores ainda esperam do Gestar uma fórmula pronta para todas as situações de leitura e escrita. Na verdade, não existem fórmulas prontas e a perspectiva do Gestar não é essa. O intuito do projeto é realmente modificar a metodologia de trabalho, dando ao professor mais autonomia, dinamismo e criatividade.
Ressaltamos a importância dos conhecimentos prévios que precisam ser acionados para que o aluno entenda um texto e que este tenha sentido para ele. Um texto tem coerência conforme o que o leitor sabe. A coerência se faz dentro de um contexto, ou seja, ela é construída a partir do texto, não está no texto.
“ Mais uma vez, temos que reconhecer que a coerência depende muito do que os interlocutores sabem sobre si e sobre o texto que serve de base para a (re)construção do mundo textual. Leitores diferentes podem ser levados, por suas próprias experiências, a construir diferentes coerências, ou incoerências, para o mesmo texto...”( TP5, pg.103)
É angustiante, na verdade, quando tentamos exaustivamente levar nossos alunos a lerem e entenderem o que lêem, quando tentamos mostra-los que um determinado texto tem coerência. Mas, muitas vezes, eles não percebem isso porque lhes faltam os conhecimentos prévios, as experiências necessárias para entender o que o texto diz. Afinal, “a coerência textual também depende da cooperação do leitor para estabelecer a solidariedade significativa entre as partes de um texto.”
Após as discussões, os professores-cursistas se reuniram em grupos para fazer a Proposta de Atividade da Oficina 9, na página 254 da TP5, cujo objetivo era analisar um texto publicitário da Usina de Furnas.
As observações feitas pelos grupos foram muito interessantes, inclusive houve até quem questionasse a qualidade da propaganda e quem aproveitasse o ensejo, no estudo prévio feito em casa, e pesquisasse vários outros projetos desenvolvidos pela Usina. Enfim, todas as abordagens foram ricas, pois permitiram a exposição de diferentes pontos de vista que foram muito pertinentes para entender como a coerência foi construída a partir do texto, de suas imagens e,sobretudo,das experiências prévias que tinham sobre o assunto.
Apesar dos imprevistos, a oficina aconteceu de forma satisfatória. E para todos acredito que foi uma novidade ter as turmas misturadas,pois permitiu um modo de interação.