GESTAR II/ MUNICÍPIO DE JURAMENTO/MG
RELATÓRIO DA OFICINA DE 12/09/09
Fizemos toda uma programação para a realização da oficina do dia 12/09, pois tínhamos a intenção de apresentar o filme, “Narradores de Javé”, a partir do qual traçaríamos pontos relevantes sobre letramento (TP4) e também sobre estilo (TP5). Todas as turmas de Português ficariam juntas não só pela questão do espaço físico para assistir ao filme, mas também para dar margem a uma discussão bem mais ampla e coletiva. Era a oportunidade de fazer uma oficina “com novo formato”, com todo mundo reunido.
Mas, como imprevistos acontecem, tivemos um problema com a aparelhagem de som e não foi possível passar o filme. Foi um pouco frustrante, afinal estávamos entusiasmadas com a perspectiva de ter uma sessão de cinema e com as discussões que poderíamos fazer através dela. No entanto, a oficina prosseguiu, partimos para o chamado “plano B” e demos continuidade “sem deixar a peteca cair”.
Essa situação de imprevisto foi interessante. É uma situação que nos remete à própria prática em sala de aula. Nem sempre nossas aulas programadas com tanto zelo, com tanta expectativa dão certo. Muitas vezes imaginamos uma coisa e acontece outra, bem diferente do que foi premeditado. E em outras ocasiões, o improviso surte mais efeito do que o programado. Não temos o domínio de tudo, mas podemos aprender a reverter os problemas e transformá-los para encontrar a solução. Na prática escolar, lançamos mão do plano B,C,D... e por aí vai, conforme a turma e o contexto. É interessante também destacar o que não dá certo, pois com os erros aprendemos até mais que com os acertos.
Após constatarmos que não seria mais possível apresentar o filme, mantivemos nossas turmas no pátio, todos juntos para realizarmos a discussão das unidades 17 e 18 da TP5 que trata de Estilo e Coerência. Foram bem amplas as discussões. Como minha turma de cursistas é bem pequena, foi algo novo para mim uma discussão com tantos professores.
A questão do estilo foi bastante discutida. Cada formador deu sua contribuição, ressaltando que o estilo é algo intencional, individual. Diferente do dialeto que é coletivo, que exprime as características de um grupo. E o idioleto que é o traço individual de quem usa o dialeto. Ressaltamos a questão das variações lingüísticas que devem ser respeitadas em sala de aula e não ensinadas, uma vez que o aluno as reconhece em seu cotidiano e cumpre à escola o papel de também reconhecê-las e ensinar a norma padrão. Os alunos precisam saber fazer esse intercâmbio entre as várias possibilidades de comunicação a fim de exercitarem sua competência comunicativa.
Apresentamos slides que resumiram bem os principais pontos da Estilística e nortearam as discussões. A questão dos gêneros ainda é motivo de dúvidas pelo que pude perceber. Deixamos claro que, ao trabalhar com gêneros textuais dos mais variados, temos a possibilidade de abordar vários aspectos linguísticos, inclusive os gramaticais.
Outro aspecto que foi possível perceber nas discussões é que muitos professores ainda esperam do Gestar uma fórmula pronta para todas as situações de leitura e escrita. Na verdade, não existem fórmulas prontas e a perspectiva do Gestar não é essa. O intuito do projeto é realmente modificar a metodologia de trabalho, dando ao professor mais autonomia, dinamismo e criatividade.
Ressaltamos a importância dos conhecimentos prévios que precisam ser acionados para que o aluno entenda um texto e que este tenha sentido para ele. Um texto tem coerência conforme o que o leitor sabe. A coerência se faz dentro de um contexto, ou seja, ela é construída a partir do texto, não está no texto.
“ Mais uma vez, temos que reconhecer que a coerência depende muito do que os interlocutores sabem sobre si e sobre o texto que serve de base para a (re)construção do mundo textual. Leitores diferentes podem ser levados, por suas próprias experiências, a construir diferentes coerências, ou incoerências, para o mesmo texto...”( TP5, pg.103)
É angustiante, na verdade, quando tentamos exaustivamente levar nossos alunos a lerem e entenderem o que lêem, quando tentamos mostra-los que um determinado texto tem coerência. Mas, muitas vezes, eles não percebem isso porque lhes faltam os conhecimentos prévios, as experiências necessárias para entender o que o texto diz. Afinal, “a coerência textual também depende da cooperação do leitor para estabelecer a solidariedade significativa entre as partes de um texto.”
Após as discussões, os professores-cursistas se reuniram em grupos para fazer a Proposta de Atividade da Oficina 9, na página 254 da TP5, cujo objetivo era analisar um texto publicitário da Usina de Furnas.
As observações feitas pelos grupos foram muito interessantes, inclusive houve até quem questionasse a qualidade da propaganda e quem aproveitasse o ensejo, no estudo prévio feito em casa, e pesquisasse vários outros projetos desenvolvidos pela Usina. Enfim, todas as abordagens foram ricas, pois permitiram a exposição de diferentes pontos de vista que foram muito pertinentes para entender como a coerência foi construída a partir do texto, de suas imagens e,sobretudo,das experiências prévias que tinham sobre o assunto.
Apesar dos imprevistos, a oficina aconteceu de forma satisfatória. E para todos acredito que foi uma novidade ter as turmas misturadas,pois permitiu um modo de interação.
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