RELATÓRIO DA OFICINA DO DIA 14/11
Os debates acerca da argumentação foram muito interessantes, tendo ampla participação das cursistas que gostaram das atividades, não apenas do Avançando na Prática, como do TP. Ressaltou-se a importância de se trabalhar a argumentação não somente no texto dissertativo, que é argumentativo por excelência, mas também em vários outros gêneros como propõe o TP. A dificuldade dos alunos em identificar o que é idéia principal e o que é idéia adicional num texto foi comentada e concluiu-se que um amplo trabalho que enfoque esse aspecto é interessante para contornar essas dificuldades.
O poder argumentativo das palavras pode estar em várias manifestações da linguagem, e é necessário que os alunos percebam que argumentar não é algo tão difícil quanto parece. Ao se depararem com a produção do texto dissertativo, eles encontram muita dificuldade, mas nem percebem que se valem de argumentos o tempo todo para justificarem as mais diversas situações.
A seguir, foi realizada a atividade da página 219 do TP, que propõe o desenvolvimento de uma crônica a partir de um trecho do texto de Moacyr Scliar, intitulada “Espírito Carnavalesco”. Como as cursistas são poucas, foi solicitado que cada uma criasse um desfecho para a crônica e os finais criados por cada uma foram surpreendentes. Elas demonstraram muito entusiasmo pela atividade e pretendem fazer atividades como esta em suas aulas. Após a leitura de cada desfecho, foi lido o final original que foi bem diferente dos criados pelas cursistas, o que revela que a criatividade de cada um pode ser bastante explorada.
A oficina foi bem interativa, sobretudo, na atividade de reconstrução da crônica em que as cursistas demonstraram muito interesse e foi um aspecto bastante relevante, pois o professor de português deve passar esse mesmo entusiasmo pela escrita a seus alunos para que eles também se sintam motivados para realizar as suas produções. Elas costumam, inclusive, a fazer com os alunos algumas produções, o que é algo muito interessante para o incentivo para a escrita.
Eis os novos finais produzidos por elas:
JOSIANE
“ O marido, ainda contrariado por ter sido acordado, se levanta e se veste com qualquer roupa que vê pela frente. Sai. Bate a porta. A esposa ainda em fúria, por causa do barulho, se deita e espera por algum desfecho. O barulho que ainda ouvia seria sua resposta, que esperava uma solução.
Imaginou vários finais para amenizar a ansiedade pela demora. Pensou em apenas reduzirem o barulho ou sirenes de polícia cortando o enredo e espantando os foliões, porém, no meio de uma hipótese, pegou no sono e dormiu pesadamente.
Quando acordou, sentiu formigar o rosto, já era o sol entrando pela janela. Silêncio. Sentiu falta do marido que ainda não havia retornado. Histérica, levantou-se às pressas, jogou a camisola no chão e se vestiu apressadamente. Saiu. Ao abrir a porta de casa, descobriu o marido deitado no sofá, salpicado de confetes e envolvido em serpentinas. Ao ser acordado, só conseguia dizer: animação, animação, animação...”
MARILENE
“ _ O quê? Você não acha que está pedindo demais! Por que não vá você? – disse o marido.
_ Ora, não está vendo que estou tentando dormir?
_ Sim, mas eu já estou dormindo... Por favor, não interrompa mais meu sono, pois o barulho está incomodando você e não a mim.
_ Então ótimo! Fique aí dormindo sozinho que eu vou até lá, assim aproveito e pulo um pouquinho até o sono chegar. Durma bem!
Assustado com a atitude da esposa, ele também acabou perdendo o sono, ficando o resto da noite acordado, enquanto ela, se divertia com o ensaio da escola de samba.”